quinta-feira, 29 de abril de 2010
Estava assistindo Globo Esporte hoje e me chamou atenção uma reportagem em que veicularam a expressão "Messi no bolso". Tal expressão é uma referência à boa atuação do zagueiro brasileiro na partida de ontem, na qual supostamente não teria deixado Messi jogar. Por trás da brincadeira aparentemente ingênua do programa global, esconde-se o nacionalismo cego que contamina a população em épocas de copas do mundo, que gera a soberba que nos fez perder tantas copas. Confesso que não assisti a partida ontem, mas pelos lances que vi posteriormente, não creio que a história tenha sido assim. Sem desmerecer a atuação do brasileiro, mas será que ele foi o único responsável pelo paredão da Inter?? E outra, quem marcou o Lúcio na primeira partida (quando a expressão do Globo Esporte já havia sido cunhada) foi Thiago Motta e outro argentino, Cambiasso!! Os dois volantes diminuíram tanto o espaço do argentino que ele foi obrigado a jogar lá atrás, no círculo central, mais ou menos onde ele joga quanto atua pela seleção argentina.
Que espécie de ilusão é essa? Seria para aumentar a auto estima da seleção? Talvez, e já começam pelo lado certo. A zaga. Afinal, quem precisa de Messi? Vamos, senhores, recriar aquele maravilhoso futebol da copa de 90, onde o certamente saudoso Dunga atuou. Não queremos ataque, não queremos belas jogadas, queremos marcação, queremos chutões, queremos jogar no contra ataque e ganhar de 1x0 aos 47 do segundo tempo. Que Neymar que nada! Queremos é Messi no bolso!! Viva Dunga!!
PS: É uma vergonha a Rede Globo não dar a mínima para a UEFA Champions League e, em uma partida de volta de uma semifinal, resolver transmitir o jogo. Eu sinceramente torço muito para que a lei de São Paulo que limita o horário dos jogos passe e tenhamos jogos começando 20:30, deixando a Globo a ver navios e perdendo audiência em suas preciosas novelas.
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5 comentários:
Entendo sua indignação, mas com algumas ressalvas. Primeiro: Realmente neutralizaram o Messi. Aliás, eu achei um absurdo o desempenho do atacante no segundo tempo. Eu só o vi tocar na bola aos 43 do segundo tempo. Completamente apagado, ele sequer tocava na bola. O Lúcio sem dúvida foi um dos destaques da Inter naquele esquema que deu certo, mas que arrisco pouco em dizer que se tivéssemos mais uns 10 minutos, já era. O Barcelona foi apático, irreconhecível durante todo o tempo. Tanto é, que a grande chance do time (além do gol) foi um chute do 'apagado' Messi ainda no primeiro tempo. Vale destacar a estratégia que eu não chamaria de "genial", mas de "eficiente" do José Mourinho. O que eu não aceitei mesmo, e duvido que alguém que goste de futebol tb tenha aceitado, foi a apatia do Barcelona. A Inter realmente deu um nó gigante no Barcelona, e se tivesse tido só um pouquinho mais de coragem de se lançarem ao ataque teria feito gols. Pra se ter uma ideia, o Eto'o jogou como defensor desde a expulsão do Thiago Motta, e assistindo a partida, é difícil imaginar que ele fosse um dos melhores atacantes do mundo, tamanha foi sua eficiência em conter as descidas na lateral esquerda do Barça. De qualquer forma, não vejo motivo para tamanha indignação, principalmente levando em conta a parcialidade com que os jornais e toda a imprensa argentina costuma se referir aos seus jogadores. Se você me pergunta se estou a favor da Globo, a resposta é não. Mas não vejo motivo para tamanha indignação, tendo em vista, que pra ser sincero eu ainda acho que somos apáticos demais quando elogiamos nossos jogadores. Leia "O Marca", o "El País", "Olé" em vitórias de Barcelona e Real Madrid que a gente conversa depois.
Quanto a ver jogos às 20:30, esquece. A Globo já deu o jeito dela. A única coisa boa a ser dita aqui é que na série B, oito clubes se recusaram a receber R$ 50 mil por partida televisionada, e com isso a gente tem um imbróglio e um possível racha na competição. Um desses clubes é o nosso América-MG. Outro ponto a ser tocado é a falta de respeito da Globo com relação a Champions. Vale lembrar que ninguém no Brasil acreditava em futebol internacional até que o Esporte Interativo começou a passar todos os grandes campeonatos da Europa, além da Champions. Resultado: Começaram a derrubar o EI. Semana passada, sem mais nem menos, a ESPN resolveu quebrar o contrato com o EI do campeonato italiano. E na mesma semana, a estúpida Globo, resolveu transmitir a semifinal. Tudo isso se deve ao enorme sucesso do EI que em pouco mais de um ano, conseguiu reunir os melhores narradores e comentaristas democratizando as transmissões de futebol na rede aberta. E sabe o que a bosta da ESPN fez? Ofereceu o campeonato italiano pra Rede TV que agora só passa uma partida por semana e consequentemente não oferece nenhum risco direto para os demais jogos da reta final do italiano. Tomara mesmo é que todas essas merdas de canais desgraçados se explodam e que as pessoas comprem aquelas parabólicas "piratas" e tenham acesso a todo esse conteúdo dessas mercenárias de graça. Enquanto isso, eu fico aqui torcendo para que o Esporte Interativo através da justiça consiga reverter essa situação e eu possa assistir ao título da Inter no italiano.
Cara, isso me lembra um pouco uma coisa que eu escrevi naquele texto sobre a Bulgária de 1994: o "nacionalismo" no esporte é uma coisa que varia de país para país, para o bem ou para o mal. Como eu disse lá, e como vc disse no texto passado sobre o impronunciável time croata, no leste europeu isso me parece funcionar como uma energia de libertação, identidade, reconstrução etc. Na Argentina, pelo que percebi, existe um nacionalismo crítico, bem político, que me parece razoável. Infelizmente no Brasil a gente tem essa coisa de usá-lo para forjar heróis, para criar o mito do melhor do mundo, uma coisa meio cega e burra, que é lamentável e é bem retratada nesse tipo de reportagem que vc citou.
Quanto ao comentário do jogo em si, sem dúvida é uma falácia. Realmente atribuir a anulação do Messi ao Lúcio, ou mesmo à "defesa brasileira" da Inter é errado. Primeiro pq o esquema tático do Mourinho era todo baseado na defesa, o time todo marcando as zonas. Se o Brasil pegar a Argentina, com essa mesma defesa e esse mesmo Messi, o Brasil não vai jogar assim, com duas linhas defensivas, entao achar que estamos tranquilos na copa pq a Inter se deu bem é uma besteira mesmo. Belo texto cara.
Eu discordo veementemente de você Fabio. Na Argentina não tem nada de nacionalismo crítico. No Brasil, ainda é possível ler e ouvir críticas mais contundentes quando um time (seleção) é derrotado com total apatia. Na Argentina pelo contrário, a mídia sempre menospreza o adversário e no muito, atribuem o fracasso a uma partida ruim de seus "heróis". Eu acho isso bem mais ridículo. Mas enfim, eu que vivo criticando a forma covarde com que tanto seleção quanto clubes se comportam perante torneios internacionais, não tenho muito mais a acrescentar. Vide aquela partida sofrível do Cruzeiro contra o Estudiantes e aquela seleção de 2006 contra a França. E concordo quando você decide jogar de um determinado modelo, mas não aceito a falta de atitude e coragem pra reverter uma situação adversa. Algo bem comum no futebol brasileiro!
Bom, talvez eu tenha mesmo misturado um pouco futebol com sistema político quando falava do nacionalismo, mas acho que um reflete bem o outro, por isso nao quis entrar em mais detalhes.
Outra coisa, estamos falando de coisas diferentes, quando eu disse do "nacionalismo mais crítico" eu falava de uma percepção que eu tive das pessoas, já vc está falando estritamente da imprensa. Infelizmente imprensa é mercado, então ela valoriza a opinião que lhe dê mais audiência, são coisas diferentes, embora ela nao deixe de ser, pouco ou muito, retrato do povo tb.
Outro dia li um texto sobre o Messi, acho que explica bem essa diferença entre imprensa esportiva brasileira e argentina. As duas são exageradas, de formas distintas. veja aí:
http://esportes.r7.com/blogs/cosme-rimoli/2010/04/28/e-se-messi-fosse-brasileiro/