domingo, 6 de fevereiro de 2011

Lembro-me que por volta do ano de 2000 resolvi comprar algumas camisas de futebol. Faz um bom tempo desde que eu e Fábio (o outro escritor deste blog) peregrinávamos pelas ruas de Frutal em busca de camisas. Não se tratavam de itens originais e não havia pretensão (nem dinheiro) para tanto, então nos contentávamos com aquelas camisas com tecidos horríveis e escudos em silk screen. Era engraçado que, ao invés do logo das marcas, as grosseiras falsificações costumavam colocar o apelido do time imitando inclusive o layout original da marca. Assim, a camisa do São Caetano possuía um Azulão imitando o logo da Penalty, o logo da Nike virava um Mengo, e assim por diante.

Pouco tempo depois, buscava promoções na Centauro, comprando as camisas mais baratas que encontrava. O preço foi meu primeiro foco de coleção e, sem que eu percebesse, havia me tornado colecionador de camisas de futebol.

Já vi muita gente discutindo o que diferencia o comprador de camisas habitual do colecionador de camisas e nessas horas muita besteira é dita. Particularmente, aceito a teoria de Baudrillard, que mais ou menos diz que o objeto tem duas funções: ser utilizado e ser possuído. O colecionador lida mais com essa noção de posse e cria aquela espécie de aura em torno do objeto, no caso, camisas de futebol. Um exemplo prático: o comprador de camisas compraria camisas de seu time de coração e, com o tempo, com o uso, com a transformação desse objeto em algo “antigo”, poderia facilmente se desapegar desse item, doando-o, vendendo, etc. Para o colecionador, que lida essencialmente com a posse da camisa, esse valor tende a valorizar com o tempo. Em suma, só a própria pessoa pode se assumir um colecionador ou não. O conceito é bastante intimista e, creio eu, pode existir um colecionador de camisas com 10 peças e um comprador de camisas com um número maior do que esse.

Enfim, já vi muita gente dizendo também que o colecionador deve ter foco. Embora não acredite que o foco é que faz da pessoa uma colecionadora de camisas (se você pensar bem, o próprio fato de colecionar camisas já é um foco), acho desejável possuir um foco até para que o colecionador não se perca na infinidade de opções disponíveis.

Bem, eu tenho não um, mas vários focos. Para me orientar melhor, eu dividi os focos em microfocos. Desses, o único que tenho pretensão de conseguir completar um dia é o foco 1. São eles:

Foco 1: Camisas de seleções

Microfoco: Seleções do Leste Europeu (quase completo)

Microfoco: Seleções de países comunistas ou que já foram comunistas

Microfoco: Seleções de países de maioria islâmica

Microfoco: Seleções de países com pouca ou nenhuma tradição no futebol

Foco 2: Clubes brasileiros

Microfoco: Times de SP e MG (preferencialmente equipes de cidades próximas à minha cidade natal)

Microfoco: Times da região Norte e Centro-Oeste

Microfoco: Times de Brasília (esse também pretendo completar um dia: ter uma camisa de todos os clubes profissionais do DF)

Foco 3: Clubes internacionais

Microfoco: Clubes do Leste Europeu

Microfoco: Clubes alternativos

Microfoco: Clubes dos países que visito

Eu poderia acrescentar a esses um outro: camisas que eu acho bonitas, incomuns, feias demais, etc. Resumindo: eu nunca completarei minha coleção! :)

3 comentários:

BCE UnB disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marilia Augusta disse...

Microfocos??? hahahaha
Só vc msm!!!

Fábio disse...

"Bem, eu tenho não um, mas vários focos." haha.
3 focos e 9 microfocos. Fantástico. Deve ser facílimo escolher camisas assim, haha.
Mas ficou bem legal o texto teórico.

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